‘Quer dizer que delinquentes estão autorizados a receber a polícia a tiros?’, diz policial após decisão que soltou homem que atirou nela

Publicado em: 29 de junho de 2023
A policial civil Laline Almeida Larratéa, 38 anos, recebeu com indignação a decisão que mandou soltar o acusado de a balear na cabeça, durante a Operação Bloqueio, em Rio Grande, na Região Sul do RS, em 2022. Em entrevista à RBS TV nesta quarta-feira (28), Laline questionou os argumentos da magistrada responsável pelo caso.
A juíza Paula Cardoso Esteves, da 1ª Vara Criminal da Comarca do município, é a responsável pela decisão. A determinação de revogar a prisão preventiva do réu foi assinada em 28 de abril. No entendimento da magistrada, não houve tentativa de homicídio.
”Os elementos carreados demonstram que o réu, para fins de se opor à execução de ato legal, mediante disparos de arma de fogo, tentou impedir que policiais civis adentrassem no imóvel. É evidente, portanto, que o agente não efetuou os disparos com o dolo de matar os policiais, mas tão somente de impedir a execução do cumprimento da ordem legal”, sustenta a magistrada.
Mais de um ano depois do caso, Laline segue afastada do trabalho, se recuperando das sequelas que foram causadas pelo tiro. Ela passou por uma cirurgia para retirada da bala que ficou alojada. Foram 28 dias no hospital e 15 na UTI.
O atestado médico de Laline prevê o afastamento das atividades até o fim do mês de julho. A vontade, segundo ela, é retornar ao trabalho.
”A minha ideia é retornar, isso se não for renovado [o atestado]. A minha ideia é retomar o trabalho. Eu estou ansiosa, mas eu não quero mais cumprir mandado de busca e apreensão”, diz a policial civil.
Laline conta que chegou a fazer sessões diárias com a fonoaudióloga nos primeiros meses. Hoje, segundo ela, são três vezes por semana. A maior dificuldade, no entanto, não foi o comprometimento na fala, conforme a policial.
A decisão de soltar o réu causou revolta em órgãos de segurança. Na tarde desta quarta, policiais civis de diversos municípios promoveram um “sirenaço” em solidariedade aos colegas de Rio Grande. No interior, grupos se reuniram em frente às delegacias de polícia. Em Porto Alegre, a manifestação ocorreu em frente ao Palácio da Polícia.
O caso
O caso aconteceu em abril do ano passado. A ocorrência se deu durante cumprimento de mandado de busca e apreensão no bairro Querência, no balneário Cassino.
Durante a ação, a policial Laline Almeida Larratéa, da 3ª Delegacia de Polícia de Rio Grande, foi atingida por um tiro. Ela foi encaminhada para o Hospital Santa Casa do município e passou por uma cirurgia para a retirada da bala que ficou alojada. O autor do disparo foi preso.
A operação buscava identificar uma organização criminosa que seria comanda por um detento da Penitenciária Estadual de Rio Grande. O grupo seria responsável por crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Escrito por: G1 RS