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Desenvolvido por alunos da rede municipal de ensino de Fontoura Xavier, iniciativa chama população a participar do movimento
Ademar acorda todos os dias cedo para ir para a escola. Aluno dedicado, não perde um dia de aula. A cobrança vem de casa: para o seu pai, Adair, nada mais importante que o estudo que ele próprio não teve. Ao voltar da escola, é hora de ajudar seu pai. A família trabalha com reciclagem e ali, todos colaboram. Dia desses, em mais uma manhã de aula, concentrado nos temas trazidos para discussão pela professora, qual não foi sua surpresa quando sua realidade virou o tema central de debate: o destino dado ao lixo. Foi por meio de um passeio pela comunidade, que os alunos do 4º ano da Escola Municipal Professora Elizabete Scalco, na Vila Assis, observaram a quantidade de lixo espalhado pelas ruas. De volta à sala de aula, o debate estava formado: “Quem era responsável pelo lixo produzido?”. A discussão virou um projeto que pretende chamar a atenção da população para o destino correto dos resíduos. Segundo a professora que coordena as atividades, Sílvia da Rosa Prestes, Fontoura Xavier é o espelho de seus moradores, por isso é preciso que cada um faça a sua parte. “Devemos ter um cuidado especial, valorizar nossa cidade. Deixá-la limpa é dever de cada cidadão, seja ele criança, adulto ou idoso”.
Dentre as atividades desenvolvidas pela turma, coordenada também pela estagiária Fabiane de Oliveira, estiveram uma visita à Rádio Cultura, em que os alunos apresentaram um programa voltado à conscientização para o destino correto do lixo; uma palestra com o secretário da administração municipal, Gilmar Muniz, sobre o destino do lixo do município; confecção de brinquedos e vasos de flores com materiais recicláveis; estudo de doenças causadas pelo lixo descartado de forma errada. “Além disso, os alunos, durante o recreio, auxiliam para o descarte do lixo no lugar correto. Também fizemos um trabalho de reciclagem de papel na escola, em que confeccionamos cartões com os papeis que foram reaproveitados”, conta a professora Sílvia. Segundo ela, os benefícios do descarte correto vão além de uma natureza mais limpa. “O papel, a sacolinha, a garrafa pet podem se transformar em dinheiro para muitas pessoas, como a família do Ademar, por exemplo”.

Catadores de recicláveis
Uma das atividades da turma foi conhecer o trabalho do pai do colega Ademar. Adair dos Santos tem 36 anos e mora na localidade de Canga Quebrada com a mulher e seus quatro filhos. Natural de Passo Fundo, ele trabalha há 14 anos com reciclagem de materiais como papelão, litro, alumínio, latinha, azeite usado, caixinha de leite, papel colorido, plástico, vidro, caderno, livro e fio cobre. A rotina é praticamente a mesma todos os dias: de manhã as crianças vão na escola e à tarde a família trabalha junto: sai catar, volta pra casa, descarrega e separa. Usam duas carretinhas feitas de ferro, rodas de bicicleta e tela. Além do trabalho com o lixo, plantam milho e feijão, criam porco, pato e galinha. A cada 15 dias um caminhão da empresa Reciclara, que vem do município de Estrela, carrega o material. Enquanto explica todo o processo, Adair acha tempo para agradecer. “Eu sou feliz, tenho uma família muito abençoada. Deus nos abençoou por ter um emprego”. Qualquer material reciclado pode ser de grande utilidade para o trabalho de Adair. Doações podem ser feitas entrando em contato pelo número 54 9 8422-3565.

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