MP denuncia garota de programa e mulher que gerenciava ponto de prostituição por assassinato de casal

Publicado em: 22 de outubro de 2020

Quatro pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público por homicídio qualificado pelo assassinato de um casal em um prédio comercial no bairro Passo D’Areia na noite de 15 de julho, na zona norte de Porto Alegre. Willian Dutra da Silva, 31 anos, e a namorada, Gabriéli Camargo de Miranda, 26 anos de Fontoura Xavier, foram mortos a tiros em uma sala de prostituição em um prédio da Rua Tupi.

Ainda na fase do inquérito policial, a investigação concluiu que Mariana Castilhos Zakswicz, 19 anos e Alessandra Westenhofer Brum, 38 anos, foram as mandantes do crime. Segundo a investigação, Mariana seria garota de programa e Alessandra gerente do ponto de prostituição. As duas mulheres e os homens que a polícia afirma que foram os executores das mortes – Gabriel Peroto Scheafer e Marcos Vinicius Padilha – estão presos preventivamente.

O titular da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, Luis Antônio Firmino, afirma que Mariana fez o contato com os dois executores enquanto Alessandra pagou R$ 5 mil para um deles em um posto de combustível da Zona Norte na data do crime. A dupla, segundo Firmino, invadiu a sala de prostituição na noite de 15 de julho procurando Silva. Disparou contra ele, Gabriéli tentou defender o namorado e também foi morta.

Em agosto, Mariana já havia confessado à polícia, no terceiro depoimento, que mandou matar Silva pois ele havia agredido sua mãe em uma briga no dia anterior ao duplo homicídio. A jovem teria pedido para matarem Silva, mas Gabriéli acabou atingida com dois tiros pois reagiu em direção aos atiradores.

Em 29 de julho, a jovem e a mãe, de 48 anos, foram detidas por suspeita de participação no crime. Dias depois, a mãe foi liberada pois a polícia entendeu que ela não tinha conhecimento do planejamento da execução.

Também em depoimento, Mariana afirmou que contou com a ajuda de Alessandra, responsável por gerenciar o ponto de prostituição e recolher o dinheiro dos programas. A investigação aponta que foi ela quem pagou pela execução. A polícia diz ter provas que a gerente saiu de Gramado, na Serra, onde mora e é dona de um restaurante, para vir até Porto Alegre entregar R$ 5 mil a um dos executores no mesmo dia do assassinato. Alessandra foi presa no dia 15 de outubro na praia de Canasvieiras, em Florianópolis (SC).

A briga foi o estopim. A jovem tinha os contatos para execução do crime e a mulher que gerenciava o negócio topou a ideia e pagou.

LUIS ANTÔNIO FIRMINO

Titular da 3ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre

Segundo a polícia, Silva se instalou no prédio comercial da Rua Tupi uma semana antes de ser morto e montou duas salas de prostituição no mesmo andar onde funcionava o negócio das suspeitas de serem mandantes do crime. No local, passou a captar clientes de garotas de programa que já atendiam no espaço, o que, conforme a polícia, gerou atritos entre os dois grupos. Antes da mudança, chegou a ser expulso de outro endereço, na Avenida São Pedro, quando a proprietária do imóvel descobriu a finalidade da locação.

— O interesse em matar Silva era porque ele estava incomodado o trabalho delas. Isso gerou uma rixa entre eles — diz o delegado.

O desentendimento se agravou quando, na véspera do duplo homicídio, houve um briga entre garotas de programa e, nela, Silva teria agredido a mãe de Mariana. Laudo confirma que a mulher de 48 anos sofreu diversas escoriações.

— A briga foi o estopim. A jovem tinha os contatos para execução do crime e a mulher que gerenciava o negócio topou a ideia e pagou — resume Firmino.

Contrapontos

Mariana Castilhos Zakswicz
Responsável pela defesa de Mariana, o advogado Nemias Rocha Sanches afirma que a cliente provará sua inocência ao longo da instrução probatória, por meio do devido processo legal, contraditório e da ampla defesa constitucional.

Alessandra Westenhofer Brum
O advogado João Francisco Bittencourt afirma que sua cliente é injustamente acusada pelo crime. “Estamos entrando com pedido de liberdade provisória. Ela não teve envolvimento nenhum com a morte e isso será provado. O crime já tem uma pessoa que assumiu autoria.  Vamos aguardar o  MP abrir vistas à defesa e vamos nos manifestar”, afirma. Segundo ele, Alessandra aluga as salas de prostituição e quem gerencia o negócio diretamente é outra pessoa. Conforme o defensor, sua cliente ia uma vez por mês até o local.

Escrito por: Gaúcha ZH

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