Inter tem maturidade, mas sente que podia mais no Maracanã

Publicado em: 28 de setembro de 2023

Há um sentimento dúbio que corrói o Inter no retorno a Porto Alegre. O empate em 2 a 2 com o Fluminense no Maracanã mostrou um time que enfrenta o adversário que aparece de igual para igual independentemente do local. O que não impede de repetir problemas. Para assegurar a classificação à final da Conmebol Libertadores, o técnico Eduardo Coudet precisa corrigir os problemas, claro, mas fazer prevalecer o lado bom colorado.

– Por tudo o que aconteceu, poderíamos ter ganhado o jogo. Mas o Fluminense é um bom time, com jogadores de muita qualidade. Sabíamos que seria difícil. Temos só que ganhar em casa com o apoio da nossa torcida para chegar à final que sonhamos – diz Mercado.

A pressão dos 60 mil tricolores não intimidou. O Inter apresentou o terceiro capítulo desta jornada de evolução. Diante do badalado e impetuoso Fluminense, correu riscos, óbvio. Mostrou fragilidades. Entretanto, olhou nos olhos do rival e não abaixou a cabeça.

Incomodou o time de Fernando Diniz de várias formas. Forçou o erro na saída carioca. E o mais importante. Mostrou variedade. Marcou por vezes atrás, saiu em trocas de passes, nas arrancadas de Wanderson e Enner Valencia e até gol de bola aérea, grande problema ao longo do ano, fez, com Hugo Mallo. Para delírio dos 4 mil colorados que emularam o Beira-Rio na arquibancada do Maracanã.

Houve chances para construir o placar com os dois atacantes, mas Fábio estava em noite inspirada. Quando não conseguiu impedir o camisa 13, acabou salvo por dois impedimentos.

Só que o time corre contra o tempo para acertar os problemas. Quando estiver pronto para o arremate, é preciso tomar a decisão correta. Algo que faltou a Valencia, que optou em passar a Alan Patrick em vez de chutar quase na pequena área e desperdiçou a chance.

O cerebral Coudet precisará criar uma forma de não entrar pelo Cano, com o perdão do infame trocadilho. Afinal, são 11 gols do argentino, goleador da Libertadores. Ou a ambição tomará contornos dramáticos. Tão perto da vitória, permitiu ao argentino finalizar. O resultado é conhecido. Gol, 2 a 2 e necessidade de vitória na próxima quarta. Ainda assim, o Inter está a dois jogos da “Glória Eterna”.

Jogo franco
Em uma partida no qual as equipes são vocacionadas ao ataque, seria natural uma troca franca, se comparasse com o boxe. Assim ocorreu. O início foi movimentado. Rochet salvou uma finalização de Keno, Valencia obrigou Fábio a trabalhar na sequência.

Aos nove, o castigo. O regular Renê, tão elogiado na defesa, deixava claro que a noite seria distinta. Demorou a tomar uma decisão, Arias aproveitou, disparou e tocou para John Kennedy, que escorou para Cano. O Maracanã ficava “louco da cabeça”, como cantam efusivamente os tricolores.

O Inter sentiu o golpe. Por minutos, buscou segurar nas cordas para se reencontrar. Até mesmo o sempre irrequieto Coudet se movimentava pouco neste período. Rochet evitou que o placar se dilatasse ao pegar com o pé a finalização de Keno.

Após o susto, o time começou a acordar e voltou a si com a expulsão de Samuel Xavier. O empate amadureceu e veio nos acréscimos. Renê cruzou para Hugo Mallo tensionar o Maracanã. A arbitragem marcou impedimento, mas o VAR corrigiu. A estrela de Coudet brilhava. Se a estratégia de neutralizar Keno não surtiu efeito, o espanhol deixou sua marca.

Inter cai com as trocas
Logo depois do intervalo, com Rômulo na vaga de Johnny, Mercado estufou as redes de cabeça. O VAR acusou mão do argentino e anulou o gol que seria da virada. Esse lance ainda seria alvo de reclamação da diretoria do Inter, que viu toque de mão de André na disputa. De qualquer forma, o “hospício tricolor” voltou a cantar.

A frustração durou pouco. A boa atuação se mantinha e gerou o gol da virada. A troca de passes envolveu Renê, Mauricio e Valencia. O equatoriano não dominou, mas deu sorte. A bola sobrou para Alan Patrick, que driblou ninguém menos que Marcelo para virar para o Inter.

Coudet promoveu novas trocas. Aránguiz deu lugar a Bruno Henrique, Alan Patrick a Lucca e Mauricio a Dalbert. A ideia era fortalecer atrás, em uma linha de cinco defensores, para assegurar a vantagem.

Faltou combinar com o Fluminense. Nesse momento, o Inter caiu de rendimento e outra vez sentiu o golpe. Em novo erro, Renê acabou desarmado por Arias e cedeu o escanteio. Nino subiu sem incômodo algum dos gaúchos e a bola sobrou para Cano, que venceu Mallo e deixou tudo igual.

O Inter não teve mais forças para atacar e buscar o terceiro. Também pouco sofreu nos últimos minutos e segurou o resultado. Um placar que, antes da partida, seria visto como ótimo. Há o gosto amargo por deixar escapar, mas a certeza de que o caminho está aberto e possível de ser trilhado.

Falta confirmar. Já há hora e local: quarta-feira, às 21h30, no Beira-Rio. O sonho está próximo.

Escrito por: GE - Globo

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