Inter e Corinthians: colorados reencontram o grande rival em jogo de vida ou morte

Publicado em: 21 de Novembro de 2016
O Inter jogará uma espécie de Gre-Nal, nesta segunda-feira, às 20h, na Arena Corinthians, em mais uma tentativa de se manter na Série A. Dificilmente deixará o Z-4 nesta rodada. Para isso, precisará bater o Corinthians por impossíveis cinco gols de diferença.
Tudo porque o Vitória goleou o Figueirense por 4 a 0, nesse domingo, no Barradão, abriu três pontos de vantagem para os colorados, além de incrementar o seu saldo de gols. O Inter está na berlinda porque, se perder, poderá ser rebaixado na próxima rodada, dependendo da combinação de resultados. A maior goleada do Inter no Corinthians foi por 4 a 0, no Pacaembu, pela Copa do Brasil de 1992.
O clássico entre colorados e corintianos, que teve a sua gênesis lá atrás, em 1976, quando Falcão e companhia conquistaram o bicampeonato nacional sobre os paulistas, ganhou corpo em 2005, com a decisão antecipada do Brasileirão, quando o árbitro mineiro Márcio Rezende de Freitas não marcou um pênalti em Tinga e ainda expulsou o volante do Inter, no Pacaembu. A concorrência entre os clubes virou bronca séria em 2007, quando o Corinthians foi rebaixado, e acusou o Inter de entregar a partida para Goiás, salvando a turma do centro-oeste e condenando de vez os corintianos.
A rivalidade se eternizou em DVD-denúncia — quando o então vice de futebol Fernando Carvalho montou um videoteipe com todos os erros de arbitragem que favoreceram o Corinthians —, divulgado antes da final da Copa do Brasil de 2009, conquistada pelos paulistas com Ronaldo Nazário. E, nesta segunda, ganhará um novo capítulo, quando a Fiel exigirá que seu time vença o Inter, a fim de empurrar os gaúchos para a segunda divisão, numa espécie de vingança por 2007.
— Depois dos clássicos de São Paulo, contra Palmeiras, São Paulo e Santos, certamente o Inter é o grande rival do Corinthians. É aquele clube com quem a torcida tem as maiores broncas — diz o comentarista do canal Sportv, Sérgio Xavier Filho, gaúcho radicado há mais de 30 anos em São Paulo. — A torcida do Corinthians deveria se preocupar com a vaga à Libertadores, porém, o que eles querem mesmo é ver o Inter rebaixado. O jogo desta segunda-feira vai girar em torno disso para o corintiano — acrescenta Xavier.
Apesar do "desejo de vingança" paulista, a semana corintiana não foi das mais calmas. O time não vence há cinco partidas, o técnico Oswaldo de Oliveira realizou seis alterações no time que enfrentará o Inter, e o volante Willians (ex-Inter), foi dispensado do elenco depois de ter batido boca com um torcedor, na saída do CT.
— Um querer ver o outro rebaixado é algo muito pequeno para uma rivalidade desse tamanho. Não sei se os jogadores do Corinthians estão com esse mesmo sentimento da torcida, com essa pilha toda. O certo é que, se eles não vencerem o Inter, serão muito cobrados no dia seguinte. O DVD do Fernando Carvalho ficou muito marcado para o corintiano — afirma Sérgio Xavier Filho.
Se o corintiano não esquece as temporadas de 2007 e de 2009, os colorados terão eternamente presente o Brasileirão de 2005. Com o campeonato alterado pelo STJD, que decidiu anular todos os 11 jogos apitados por Edilson Pereira de Carvalho — o árbitro que admitiu ter manipulado o resultado de apenas algumas partidas —, o Corinthians venceu os dois jogos remarcados (havia perdido ambos, para Santos e São Paulo), e se transformou em líder, quatro pontos à frente do Inter.
E Tinga se tornou o símbolo daquela Corinthians 1×1 Inter. Derrubado pelo goleiro Fábio Costa dentro da área, o volante viu Márcio Rezende de Freitas marcar simulação e ainda expulsá-lo — assim que acabou o jogo, Rezende disse que havia errado e pediu desculpas ao Inter.
— Aquilo passou, depois, o Inter ganhou duas Libertadores e o Mundial. Mas aquele jogo colocou fogo na rivalidade — admite o protagonista Tinga. — Quando você está fora, não sabe o que se passa na cabeça dos jogadores. Pela internet, parecem milhões de corintianos pressionando por vitória. Os jogadores do Corinthians tentarão vencer, não pelos anos anteriores, mas pela pressão diária — emenda o ex-volante colorado.
Apesar da péssima fase do Inter, Tinga se mantém otimista. Entende que dos jogos que restam, esse, contra o Corinthians é aquele no qual os colorados terão mais chances de vitória:
— O jogo contra o Corinthians é o mais propício para o Inter vencer. Pela rivalidade, pelos confrontos recentes, pelo equilíbrio e porque o Inter está estrando treinador. Isso tudo torna o jogo, mesmo fora de casa, muito mais equilibrado. Esse é a opinião de um cara que não quer ver o Inter rebaixado. Talvez essa partida seja a da salvação.
Ex-capitão do Inter, Bolívar vivenciou in loco os clássicos de 2005 e de 2009 contra o Corinthians. Em 2007, na derrota do Inter para o Goiás, quando Clemer chegou a defender dois pênaltis, mas não evitou o 2 a 1 — resultado que combinado ao empate do Corinthians com o Grêmio, rebaixou os paulistas —, Bolívar já atuava pelo Monaco. Ainda assim, recorda a polêmica. A queda corintiana foi muito comemorada pela torcida do Inter.
— O jogo de 2005 foi um marco. O de 2009, aumentou a rivalidade. E a acusação de 2007 não tem fundamento, mas é claro que a bronca é grande entre as duas torcidas. O Clemer defendeu dois pênaltis, ninguém quer ficar marcado por isso. Ficou para o folclore do futebol. Inter e Corinthians é quase um Gre-Nal. Um Gre-Nal fora de Porto Alegre — conclui Bolívar.
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