Gabrieli Pereira, mãe, empreendedora e maquiadora de sucesso

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- O mês de março é dedicado as mulheres, que incansavelmente buscam formas de se reinventar e garantir o seu espaço em meio a sociedade.
Gabrieli Pereira é mãe, empreendedora e maquiadora. “Aos 14 anos vendia minha maquiagens por R$10 reais no grupo de dança que eu fazia parte em minha cidade natal, desde então entendi que a maquiagem era além de um sonho, era poder realizar sonhos através dela, atendia algumas amigas no sofá de casa mesmo, depois passei a atender mais do que só amigas, vizinhas, amigas de amigas, e até pessoas que eu nunca tive contato”, pontua Gabrieli.
A profissional também foi mãe jovem e enfrentou diversos obstáculos nesse período. “Aos 18, entre a maternidade muito prematura e o sonho de ter um ateliê de maquiagem, me encontrei novamente, maquiando mas não apenas por prazer e sim necessidade financeira, mas é como dizem: quando se trabalha com o que gosta, o serviço vira um prazer”, enfatiza.
Gabi conta que teve a oportunidade de trabalhar ao lado de uma professora de maquiagem na cidade de Panambi. “Foi um solta pra minha carreira, meu trabalho sendo conhecido por outras pessoas em outros lugares. Em 2018 mudei de cidade, e começou a estaca zero, onde tive que conquistar um público que recém me conheceu, provar para as pessoas que eu realmente era boa no que fazia, foi luta atrás de luta”, conta.
Embora estivesse em uma nova cidade, Gabrieli seguiu buscando formas de se especializar ainda mais. “No final de 2018, tive a oportunidade financeira de fazer mais cursos, e através deles aperfeiçoar a minha técnica, contudo, eu havia montado um ateliê com cuidados capilares, técnica de iluminado, design de sobrancelha e claro, a maquiagem. Mas foi 2019 que tive a oportunidade de ministrar um curso profissional de maquiagem para uma escola profissionalizante em soledade, mais pessoas em mais uma cidade diferente”, ressalta.
A profissional seguiu ministrando novos cursos e inspirando pessoas. “Depois, tive a chance de formar alunas em um projeto feito pelo CRAS da cidade atual que eu resido. Foi realizador, formar alunos que não teriam a possibilidade de conhecer a profissão se não fosse esse projeto”, pontua.
O mundo está em constante evolução, e por isso, a busca por novos conhecimentos sempre esteve presente na tragetória de Gabrieli. “Com todas essas experiências, era óbvio que eu precisava de mais conhecimentos, mas desta vez, busquei como empreender. Para nossa surpresa entramos em uma pandemia em março de 2020, foi aí que resistir nunca foi tão necessário. Atendimentos caíram muito, reinventei, uma técnica de mechas, onde o tempo e o gasto eram menores, e larguei para mercado, foi entre essa técnica e a venda de bolos fit que sobrevivi a pandemia. Atualmente com a pandemia mais controlada e eventos liberados, voltei normalmente com os atendimentos. E com o novo projeto de formar mais pessoas e incentivar a terem sua liberdade financeira em andamento”, comemora Gabi.
Mãe é sinônimo de amor sincero. Ser mãe é desafiador. Ser mãe jovem, então, é um desafio dobrado, mas com amor sincero sem medida. “Fui mãe aos 18 anos, não tinha feito tantas loucuras ainda, boa parte do momento “sou jovem e só se vive uma vez”, ainda não tinha vivido. Então além da dificuldade de passar por essa fase e ter a responsabilidade de criar outro ser, havia os julgamentos e abandonos. Pois as circustância me levaram a sair da casa dos meus pais. Duvidaram que eu conseguiria dar conta de empreender e criar uma filha. “Você precisa de alguém para te ajudar”, com um tom de: case-se por favor! Mas eu como boa rebelde, nunca duvidei que o que eu precisava era de apoio e de acolhimento e não correntes a outra pessoa. As dificuldades foram muitas, mas vamos resumir a solidão e a falta de dinheiro. A falta de organização financeira prejudicou por muito tempo o meu crescimento na profissão. Sem falar no preconceito de ser mãe, lésbica e feminista ativa, me fecharam muitas portas”, relembra.
O dom de superar aprovações sempre esteve presente na vida da maquiadora. “Através de experiências ruins, acho que nada ensina mais do que as nossas vivências, e como nós enfrentamos e passamos por elas. Quando a sua única alternativa é ter coragem e ser forte, você descobre que isso é o essencial para sobreviver”, afirma.
Gabrieli ressalta que elevar a autoestima de outras mulheres sempre foi um de seus objetivos profissionais. “Vamos entender uma coisa antes de falarmos sobre imagem pessoal, a maneira como você se veste não altera seu caráter. Quando falamos sobre imagem pessoal falamos sobre um todo, a maneira como você se comunica, como você expressa seus sentimentos, e sua autoridade no que faz ou ensina, ainda mais quando trabalhamos diariamente com a auto estima da mulher, são coisas que andam juntas. Seu posicionamento em frente a autoestima da mulher, demonstrando confiança e segurança no que faz, tem grande importância, aliás, como ambas andam juntas, é um agrego de valor. Toda mulher que cuida da sua imagem pessoal, tem sua auto estima elevada”, diz.
A maior inspiração de Gabrieli é fruto de seu próprio ser. A sua jovem garotinha, sua filha. “Minha inspiração ainda não se tornou mulher, é apenas uma garotinha, tem 8 anos e pergunta muito sobre a vida, já tem suas teorias e pensamentos. Mas é por ela que busco construir uma realidade melhor, mais saudável e humana”, afirma.
Uma das principais pautas abordadas no mês de março é a independência feminina. “Independência feminina é tão importante quanto respirar. A mulher desde a existência, tem uma carga de responsabilidade maior do que o sexo oposto. Não que isso seja correto. E nem podemos aceitar mais essa questão. Por isso, o primeiro passo para a “independência” é busca por liberdade financeira através das oportunidades de trabalho.
Embora seja um novo século e o mesmo seja também a Era da Tecnologia, a desigualdade de gênero ainda está presente na sociedade. “Ainda estamos em número menor de mulheres empregadas, principalmente na política e cargos executivos, nossa voz ainda é muito calada, o machismo enraizado em nossa cultura ainda toma espaços grandiosos. Não podemos negar que evoluímos muito, mas ainda assim temos muito caminho pela frente”, pontua.
Por fim, Gabrieli deixa seu recado especial as mulheres. “Você tem voz, mesmo que parece que ninguém te escute. Ela transbordar, seu coração fala, seu olhar conta. Você não está sozinha! A luta não para e ela não precisa ser furiosa, a luta que mais dói ninguém conta, è a luta interna, da prisão dos julgamentos, dos olhares. Se você pudesse se escutar, o que seu corpo contaria? Continuo repetindo que resistir nunca foi tão necessário. Resista ao machismo, denuncie mesmo sem esperança, abandone o relacionamento tóxico, mesmo que isso te faça sentir solidão. Nossa história merece respeito, merece acolhimento. O primeiro passo você já sabe, tenha sua liberdade financeira e busque conhecimento sempre que puder, isso ninguém tira de você”, finaliza.
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