Eveline Saldanha Remus, um exemplo de paixão pelo Tradicionalismo Gaúcho

Publicado em:
Atualmente patroa do G.A.N. Carreteiros da Liberdade, Eveline Saldanha Remus é um exemplo de que o amor pelo tradicionalismo não precisa vir de família para ser genuíno.
Nascida em Barros Cassal, dentro de uma família não tradicionalista, Eveline passou a frequentar por vontade própria o CTG e passou a participar das invernadas de dança. Após se mudar para Fontoura Xavier, foi convidada para participar da entidade do G.A.N. Carreteiros da Liberdade, onde foi posteira, vice-patroa e atualmente, patroa.
Como patroa, ela tem enfrentado diversos obstáculos e desafios, sendo o maior deles, preservar a autenticidade do tradicionalismo, seguido dos problemas causados em função da pandemia. “A sensação em estar representando tantas mulheres, é de muita responsabilidade, pois a história do Rio Grande do Sul, e de Fontoura Xavier, aqui me refiro tanto ao passado como o presente, é de mulheres fortes que buscaram e buscam seu espaço, lugar e momento através de empenho, trabalho, dedicação e coragem, e isso me torna feliz e motivada, pois tantas percorreram esse caminho que segue sendo trilhado e segue inspirando tantas outras mulheres”, comenta Eveline, sobre estar em uma posição de destaque dentro do movimento tradicionalista.
Apaixonada pela cultura gaúcha, ela menciona que o tradicionalismo se faz presente a cada momento do seu dia, “O vivenciamos, desde quando ficamos em roda de um fogão, quando preparamos uma comida campeira, quando assamos um churrasco, quando tomamos um mate, quando ouvimos e cantamos nossas músicas, quando ao cantar nosso hino Riograndense nos emocionamos, quando vamos a um rodeio, a um CTG, quando se anda a cavalo, quando reunimos a família e amigos para contar histórias, e principalmente quando lutamos pelos nossos ideais e sonhos, preservando e lembrando da história que nos fez chegar ao que hoje somos e onde estamos, é um conjunto de elementos que despertam meu amor por nossa tradição”, afirma a tradicionalista.
Eveline comenta que a mulher passou a fazer parte da entidade tradicionalista recentemente, “Foi em 1949, no CTG 35 de Porto Alegre, que as mulheres passaram a ser incluídas no movimento, inicialmente somente nas invernadas de dança, e muito tempo após, passaram a assumir outros espaços, cargos e responsabilidades. Outro importante fato, é que a denominação “patroa” foi reconhecida no Regulamento Geral do Movimento Tradicionalista Gaúcho, somente em 2008, durante a 73ª Convenção Tradicionalista Gaúcha, quando foi determinado que a mulher, ao tornar-se dirigente máximo de entidade tradicionalista, receberia essa denominação. Até então, a mulher eleita como patroa era chamada de “a patrão”, pontua Eveline.
Ela menciona que de seu ponto de vista, essa mudança de habito dentro do CTG se dá através da valorização da mulher e do reconhecimento de sua importância dentro do movimento tradicionalista. “Essa mudança enaltece ainda mais a riqueza e beleza de nossa cultura e tradição”, frisa.
Quando questionada sobre os seus planos para o futuro, Eveline comenta que a sua prioridade é retomar de forma completa as atividades do CTG, com a mesma energia, entusiasmo e união que haviam antes da pandemia. Em seguida, seus planos tratam para um projeto social, que inclusive já está sendo pensado, e que venha a alcançar desde as escolas até repartições públicas.
Eveline ressalta seu orgulho em ser patroa da entidade. “Para mim é motivo de orgulho em ser patroa, e carregar as cores do Rio Grande do Sul, estando à frente da entidade do GAN Carreteiros da Liberdade, desde o início de 2020, de fato, assumimos a patronagem em um momento de incertezas, medo e dificuldades, mas com certeza, buscamos dar o nosso melhor, sempre com respeito, honestidade e empenho, reconhecendo o trabalho de muitos homens e mulheres que nos antecederam, e sempre tendo em mente que homens e mulheres precisam seguir juntos, para fortalecer-se. Agradeço sempre pela oportunidade de estar em Fontoura Xavier, e ter conhecido e convivido com tantas pessoas maravilhosas, sobretudo mulheres especiais”, afirma.
Segundo Eveline, sua maior inspiração como mulher é a sua avó materna, Onira Saldanha Remus. Falecida em agosto de 2019, foi uma das responsáveis pela criação de Eveline, deixando imensa saudade e lembranças dos momentos de aprendizado que proporcionava para a família. “Todos os dias agradeço a Deus por ter me permitido ter uma mulher como minha vó em minha vida. Foi uma mulher à frente de seu tempo, com muitos atributos e qualidades encantadores, era feita de sabedoria, bondade, delicadeza, gentileza, era sensata, forte, dedicada, inteligente, companheira, conciliadora, caridosa, participativa e muito amável. As portas da casa de minha avó e de seu coração estavam sempre abertas acolhendo quem até ela viesse”, relembra Eveline, com carinho.
Por fim, Eveline deixa um recado para todas as mulheres. “São palavras do meu coração e que espero que possam ser transmitidas a muitas mulheres: A história nos mostra que as mulheres sempre estiveram presentes, embora, nem sempre valorizadas, respeitadas ou reconhecidas, mas as mulheres nunca deixaram de serem guerreiras, nunca desanimaram, nunca desistiram. Colocaram a esperança, determinação, persistência, fé, coragem, a alegria à frente dos medos e desafios. Que nós mulheres possamos assim seguir, mesmo sabendo que na caminhada teremos altos e baixos, porém, não abaixem a cabeça, sigam em frente. Não esqueça de sua essência. Persevere, sigam o caminho, foquem em si, se desenvolva pessoalmente, profissionalmente, intelectualmente, moralmente, emocionalmente e espiritualmente, busque o lhe faz bem e o que te torne melhor. Se respeite, se cuide, se valorize, se construa, se reconstrua, se forme, se reforme, se afirme, se reafirme, se conheça, se reconheça, se formule, se reformule, construa, reconstrua, comece, recomece…mas acima de tudo se ame. Mulher teu coração produz amor, paz, alegria, compreensão, coragem e força. Escreva a tua história, conte as tuas vitórias, aprenda com tuas derrotas. Acredite em você. Saiba da tua grande e verdadeira missão. Saiba que você deve ser amada, cuidada, valorizada, respeitada e lembrada todos os dias. Todos os dias o teu sorriso deve se abrir. Seja uma Anita de nosso tempo, lute por teus ideais, sonhos e aspirações. Resista, insista e siga. Somos feitas de todas”, finaliza a patroa.
Escrito por: