Estrela vive dia de reconstrução após enchente

Publicado em: 6 de setembro de 2023

O dia depois da enchente histórica que assolou o Vale do Taquari foi de reconstrução e avaliação de danos. A área central de Estrela já é acessível, e tinha trânsito intenso na avenida Coronel Müssnich no começo da manhã desta quarta-feira. Ainda que a água tenha baixado por volta de três metros entre o começo da noite de ontem e a manhã desta quarta-feira, ainda há pontos inacessíveis devido à enchente. A cidade vivencia nesta quarta cenas vistas apenas em filmes, como uma fogueira montada no meio da via, ao lado de enormes pilhas de eletrodomésticos, alguns inutilizáveis.

Relatos são também de que cachorros procuravam seus donos. Um destes locais sem acesso é o 40º Batalhão de Polícia Militar (40º BPM), cujo interior ainda tinha, hoje pela manhã, cerca de dez centímetros de água. Salas estão inundadas e equipamentos foram danificados. Ontem, a enchente subiu até a um metro do segundo piso da sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Ao menos três viaturas que seriam descartadas e estavam estacionadas no pátio foram cobertas pela água.

Nas ruas, o cenário é de desolação. O barro tomou conta de onde na quarta passava um verdadeiro rio. Reflexo da subida rápida tanto do rio Taquari quanto do arroio Estrela, que passa atrás da sede do 40º BPM. Em uma farmácia em que o alagamento saía pelas portas ontem, os funcionários viraram a última noite arrumando o que fosse possível. Os medicamentos foram salvos, mas o mobiliário, destruído. “Colocamos para cima os itens de perfumaria, e também levamos ainda pela manhã para nossas casas outros remédios, quando vimos que a água subiria bastante”, contou o almoxarife Felipe Puntel.

Próximo dali, o comerciante Maico Pletsch, proprietário de uma casa de carnes e de uma loja de pilchas ao lado, estimou em R$ 300 mil o prejuízo na primeira e de R$ 40 mil a R$ 50 mil na segunda. Ontem, foi visível o esforço dos funcionários, ajeitando sacos de carvão em um caminhão da família, enquanto a água tomava conta da frente do local. “Somente em carnes, tinha R$ 100 mil. Não tenho seguro, então vou precisar fechar por dez dias e comprar tudo de novo”, lamentou ele. Pletsch, amigos, parentes e demais funcionários colocaram todos os itens na calçada, em frente às lojas, e estava os lavando agora pela manhã.

A empresária Denise Ferrazza e o agente de trânsito Alexsandro Chapuis, olhavam preocupados para o final da rua Coronel Brito, onde a água ainda não havia descido e onde ficavam suas casas. Chapuis trabalha também como técnico em enfermagem no Hospital Bruno Born (HBB), em Lajeado, e havia conseguido chegar ontem de manhã para atuar na unidade de saúde. À tarde, ficou preso no alagamento na BR 386 e não pôde ir a Porto Alegre, onde trabalha na Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). “Em 47 anos morando aqui, nunca havia visto isto”, comentou ela.

Foto: Ricardo Giusti

Escrito por: Correio do Povo

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