Dengue tem sintomas semelhantes à gripe e ‘falsa melhora’ antes de agravamento; saiba como se precaver

Publicado em: 20 de abril de 2023

O Rio Grande do Sul chegou, nesta quinta (20), à marca de 11 mortes por dengue no ano. As vítimas que tiveram o óbito confirmado mais recentemente foram duas mulheres de 85 anos, moradoras de Ibirubá e Novo Barreiro, no Norte do estado.

Neste ano, o RS já registrou 7,6 mil casos confirmados da doença, dos quais 7 mil são autóctones (ou seja, quando o contágio aconteceu dentro do estado). Em 2022, o estado bateu recorde de casos (57 mil autóctones e 11 mil importados) e de mortes (66).

Para frear o avanço da doença, o governo do estado precisa lidar com a alta incidência do mosquito Aedes aegypti, mas também com a falta de informações sobre o contágio e os perigos da dengue.

A palavra “dengue”, vinda da língua espanhola, já dá pistas sobre os sintomas da doença: traduzida como “manha” ou “melindre”, ajuda a explicar as características que o doente costuma apresentar ao ser contaminado: febre alta, dor no corpo, mal-estar e náusea, entre outros.

Por serem muito semelhantes aos de doenças menos graves, como a gripe, os sintomas de dengue muitas vezes são subestimados por quem está infectado. Marcelo Vallandro, diretor-adjunto do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) da Secretária Estadual de Saúde do RS (SES), explica que é importante dar atenção aos primeiros sintomas, que já podem ser indicativo de contágio.

“Temos lançado comunicados pedindo que as pessoas tenham o autocuidado de não negligenciar os sintomas. Às vezes, nos primeiros dias, a pessoa acha que está um pouco gripada e não dá tanta importância”, diz.

O epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Paulo Petry reforça a indicação de busca por um diagnóstico após os primeiros sintomas, já que a febre pode ser considerado um “sintoma universal”, e remédios antitérmicos podem dar a falsa sensação de cura.

“A febre é meio universal, ela vai acontecer. A pessoa toma um antitérmico, o que não está errado, e melhora. Tem que ficar atento a outros sintomas, como dor no fundo do olho, manchas avermelhadas na pele, mal-estar. Recomenda-se que vá no posto de saúde, porque é importante ter o diagnóstico. Uma febre pode ser tanta coisa”, reforça.

Outro ponto ressaltado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde é a evolução da doença no corpo humano: se nos primeiros dias os sintomas são parecidos com o da gripe, o desfecho pode ser bastante pior. A SES reforça a importância de que a população procure atendimento médico nos serviços de saúde logo nos primeiros sintomas. Dessa forma, evita-se o agravamento da doença e a possível evolução para óbito.

Vallandro explica que pacientes de dengue costumam apresentar “falsa melhora” após os primeiros sintomas.

“É uma doença que costuma apresentar uma falsa melhora após alguns dias. Quando começa a agravar, o paciente chega na unidade de saúde em um estado mais grave. Até por isso, pedimos para a população em geral tomar cuidado, mas para quem tem comorbidade ou idade avançada ficar ainda mais atento, inclusive os familiares. É difícil pedir para idosos com mais de 90 anos perceberem que não estão bem, então é importante a ajuda de familiares”, explica o diretor-adjunto do Cevs.

Precaução

Ainda não há vacina aprovada contra a dengue no Brasil. A principal forma de se proteger é evitando ser picado pelo mosquito transmissor. O inseto se reproduz em locais com água parada, por isso, algumas das principais recomendações previstas são:

  • Eliminar água parada dos pratinhos e vasos de plantas;
  • Manter caixas d’água tampadas;
  • Colocar tela nos ralos de água da chuva;
  • Secar pneus e protegê-los da chuva;
  • Limpar calhas da residência;
  • Escovar os pratos e trocar a água dos pets (1x por semana);
  • Manter piscinas limpas e com água tratada.

“As recomendações contra dengue devem ser habituais para a gente. Como temos o hábito de escovar os dentes antes de dormir e de lavar as mãos antes de ir à mesa, deveria ser hábito conferir se não estou com um criadouro dentro de casa”, diz Vallandro.

Caso esteja contaminada, a pessoa também deve passar repelente corporal, utilizar roupas que cubram braços, pernas e pés e utilizar mosquiteiro, principalmente em pessoas acamadas. Assim, evita que o mosquito se infecte e passe a doença para outras pessoas.

Escrito por: G1 RS

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