Infância Materna

Sempre gostei de escrever e, periodicamente, venho tentando promover reflexões sobre um tema de extrema importância – a educação, destinando, normalmente, minha a pauta a professores, pais e comunidade escolar. Mas são limites que eu mesma criei e, às vésperas de uma das datas mais importantes do nosso calendário, tomo a liberdade de ultrapassá-las. Sendo assim, continuo abordando meu tema predileto, a educação, mas hoje, não como professora ou psicopedagoga: falo simplesmente como mãe.

Ser mãe é uma dádiva que não se restringe ao fato de gerar ou parir, mas sim à imensa capacidade de amar, que só as mães de verdade possuem. Mesmo que nos pareça cada dia mais complexo ser mãe, a essência desse “SER” muitas vezes se confunde na ânsia de ser a melhor e acaba perdida, pois quando os filhos crescem, restam somente as lembranças. Tenha certeza que nessas lembranças, não cabem a marca do tênis, da roupa ou do brinquedo importado: cabem somente as lembranças do tempo partilhado e das vivencias construídas.

Adultas que somos, sabemos disso, mas curiosamente reproduzimos o discurso que as crianças são suscetíveis aos apelos da mídia, não nos dando conta que as frágeis, na verdade, somos nós. E em nome disso, trocamos a infância deles por pilhas de produtos que, daqui uns anos – talvez nem isso – serão somente coisas velhas, inúteis e sem história, sacrificando o melhor período da vida – da mãe e dos filhos – a troco de nada.

E no futuro, teus filhos não se lembrarão de tua bolsa de grife, dos teus sapatos caros, dos presentes no dia das crianças. Mas lembrarão dos banhos de chuva, da barraca feita de cobertor no meio da sala e do dia em que vocês, graças à magia do faz de conta, se transformaram em fadas, bruxas ou duendes.

Eles não lembrarão da centena de vezes em que você que chegou, ao final do expediente, exausta, reclamando dos farelos de pão na mesa da cozinha. Mas lembrarão da tarde de chuva em que juntos, vocês fizeram aquele bolo que, no fim, acabou nem dando certo, mas foi inesquecível. Lembrarão dos jogos de bola, dos castelos de areia, dos passeios na mata – que as vezes era só aquele bosque ao lado de casa.

Como mãe, avó e órfã de filho, não cheguei a essa conclusão por acaso, nem a construí com dados vazios. Cheguei a essa conclusão quando minha filha, dia desses, me disse que sonhava em deixar ao seu filho as mesmas lembranças de infância que construímos juntas – e que muitas vezes, foram resultado da intuição e da necessidade de preencher vazios que eu, tolamente, acreditava existirem.

Dia das Mães, mesmo comemorado ao segundo domingo de maio, é na verdade todos os dias. Dia dos Filhos, também. Sendo assim, são 365 novos recomeços a cada ano. Mas a infância é só uma e apesar de sermos “Super Mães”, nada poderemos fazer para mudar. A infância é breve, única e jamais será resgatada. Sejam mães, enquanto for tempo! Feliz Dia das Mães a todos nós!

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