BRASIL, UM PAÍS QUE INCENTIVA A IGNORÂNCIA

Nosso país, infelizmente, incentiva a ignorância. Minha teoria baseia-se na análise da educação nacional, a qual premia e incentiva a deseducação, os baixos resultados e, consequentemente, a ignorância. Curioso? Sim, no mínimo curioso, mas infelizmente, real. A pura e simples realidade de um país que optou por não ter na educação sua prioridade.

O incentivo à ignorância começa na formação dos professores: apesar da existência de uma legislação cuidadosamente elaborada, que supostamente exige dos profissionais da educação uma formação mínima adequada à prática exercida, não existem incentivos à atualização e à busca da formação continuada, de modo que somente uma minoria opta por continuar a estudar, após a conquista do diploma de pós-graduação. Detalhe: um só é suficiente. Mestrado? Doutorado? Só para atuar no ensino superior, pois no universo da educação básica, seu salário continuará exatamente igual ao que era antes. Sendo assim, porque esbanjar os parcos provimentos em formação superior e especialização? Pior ainda: a formação específica encontra-se praticamente extinta, sendo absolutamente normal exercer a docência em disciplinas que, mesmo pertencendo à área da formação do educador, passam longe da qualificação específica deste, que faz o que pode na sala de aula, sem direito a questionar ou resistir, dando vida à máxima “Manda quem pode, obedece quem tem juízo” (ou quem precisa). 1 X 0 para a ignorância.

Em sala de aula, como competir com a modernidade, se esta deve ficar, obrigatoriamente, da porta para fora? Falo aqui da lei – a meu ver totalmente arbitrária – que proíbe o uso de celular em sala de aula. É, talvez você não saiba, mas ela existe, dando amparo legal à decisão de não explorar os avanços tecnológicos em favor da aprendizagem e restringindo iniciativas de uso consciente das ferramentas digitais. 2 X 0 para a ignorância.

E o repasse de recursos para as escolas que não atingem as famosas “metas” estabelecidas para a educação? Sim, isso existe também. Por mais absurdo que pareça, as escolas que não alcançam os limites mínimos estabelecidos recebem incentivos que, supostamente, deveriam contribuir para a superação do quadro, mas, a exemplo de outros programas existentes no país, contribuem mesmo para a estagnação do desenvolvimento, visto que, para não perder as migalhas oferecidas – e que muitas vezes fazem a diferença nos caixas miseráveis das escolas – um número expressivo de gestores opta por mascarar a realidade, trazendo a público o que tem de pior em suas instituições. Em poucas palavras, o prêmio e os incentivos não ficam com os melhores. 3 X 0 para a deseducação.

No rastro destas desconformidades, inúmeras outras poderiam ser citadas e descritas: o corte de verbas destinadas a pesquisas. A restrição do financiamento estudantil. O sucateamento de grande parte das instituições públicas de ensino. O salário dos professores, atrasado, parcelado e muito longe do almejado piso nacional. Sob o manto da pseudoigualdade, a deseducação impera e contribui para que modelos de opressão se perpetuem, mascarados por uma democracia que não existe, em um país onde a igualdade não é incentivada, quanto mais exercitada. Vitória de goleada da ignorância, que distribuída a todos serve somente a uns, os quais, por sua vez, não possuem interesse algum em promover mudanças.

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