A prática de exercícios físicos por crianças tem constituído grandes preocupações à saúde pública. O uso das tecnologias e redes sociais têm tirado as crianças da prática regular de exercícios físicos, podendo acarretar no aparecimento de diversos problemas de saúde, em decorrência do sedentarismo. Em consequência, do ponto de vista de saúde pública e medicina preventiva, promover o exercícios físicos na infância expressa estabelecer uma base sólida para a diminuição do predomínio do sedentarismo na idade madura, contribuindo desta forma para uma melhor qualidade de vida (JOPEF, 2014).
Frente, a essa realidade, faz-se necessário investir em pesquisas que apresentem dados coerentes frente ao exercício físico e a criança. Os objetivos do estudo foram: (a) identificar os principais problemas que podem impedir a prática de exercícios físicos por crianças, (b) conhecer algumas práticas que vêm sendo praticadas por este grupo especial, seus benefícios e a aplicação dos programas para o mesmo.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo é de caráter descritivo sendo realizada uma revisão narrativa de literatura. Os materiais consultados foram livros, artigos, internet, ressaltando os pontos abordados sobre exercício físico e criança.

3 DISCUSSÃO

3.1 SEDENTARISMO NO SÉCULO XXI

Nos dias de hoje podemos ver na nossa sociedade muitos fatores que acarretam um indivíduo a se tornar sedentário, e por vezes isso está agregado ao estilo de vida de cada pessoa, e hábitos de vida que foram se substituindo com o passar dos anos. O surgimento das novas tecnologias fez com que o homem atual se transformasse. Se em um passado não tão distante ele era um indivíduo do campo, sendo fisicamente ativo, com as ondas migratórias para as grandes cidades movimentou-se a adotar um estilo de vida urbano, com hábitos mais sedentários (STEIN, 1999). O desenvolvimento tecnológico surgiu com o plano de oportunizar algumas tarefas do dia a dia, e por vezes acabou auxiliando nos trabalhos cotidianos, fazendo com que se use com o passar dos dias menos esforço e tempo para determinadas funções, porém, deve-se acentuar que nem sempre esta contribuição é utilizada de forma certa (STEIN, 1999).

[…] a tecnologia é criada com fins de ser facilitador da sociedade, e ainda como uma ferramenta para se economizar tempo nas ações […] em tese as pessoas deveriam ter mais tempo para cuidar de outras coisas, como por exemplo, de saúde. Pelo contrário percebemos que quanto mais tecnologia é criada, menos tempo a pessoa tem para se dedicar a manutenção de sua saúde (ALVES, 2007, p. 19).

A tecnologia, deixa-nos ainda mais ociosos, pois uma boa porcentagem do que precisamos carece de pouco esforço. O sedentarismo passa a ser um grande receio de praticamente toda nossa sociedade, e também do mundo, pois declara o estilo de vida dos dias de hoje, em que o ser humano, correspondente ao vasto avanço da tecnologia, precisa de pouco ou de quase nada de esforço físico para conseguir jeitos para a manutenção de sua vida (ALVES, 2007)
A Organização Mundial da Saúde- OMS (2016) assegura que praticar exercícios físicos é importante para opor-se à obesidade infantil e moderar o excesso de peso e com isso diminuir malefícios que podem surgir na infância e agravar quando adultos, assim como doenças do coração, diabetes, lesões musculares e do esqueleto e também alguns tipos de câncer. Mcardle e colaboradores (2008) afirmam que a atividade física contribui para a redução da obesidade das crianças aumentando o gasto de energia e reduzindo a diferença entre o que se consome e o que se gasta de calorias.

3.2 TREINAMENTO FUNCIONAL E A CRIANÇA

Segundo D’Ancora (2016) qualquer individuo pode desenvolver o treinamento funcional, desde crianças a idosos, pois o treinamento funcional é adaptado para cada nível de dificuldade. São praticado exercícios para o melhoramento dos movimentos naturais do corpo tais como equilíbrio, andar, correr, pular, nadar, entre outros. Para D’ Ancora, o treinamento funcional é mais adequado do que a musculação para as crianças, proporcionando melhor coordenação motora e oportuniza que a criança se concentre na realização dos exercícios. Além disso evidência que o treinamento funcional pode ser apontado como uma pratica de diversão e que gera prazer devido aos diversificados exercícios que são realizados em grupo, além de acatar as condições físicas de cada criança ou pessoa que o praticam.
O beneficio desse método de treinamento é a de acolher tanto o indivíduo mais condicionado como o menos condicionado, criando um ambiente dinâmico de treino (GOLDENBERG; TWIST, 2002). Sabe-se que o treinamento funcional é apoiado numa melhora proposta de aspectos neurológicos que influenciam à capacidade funcional do corpo humano, usufruindo de exercícios que incitam diferentes componentes do sistema nervoso, ocasionando assim sua adaptação (CAMPOS; CORAUCCI NETO, 2004).
De acordo com Clark (2001, apud DIAS, 2011), movimento funcional são movimentos afiliados, tendo em vista a estabilização e produção de energia; ou seja, os treinamentos funcionais são movimentos que usam sinergicamente mais de uma fração corporal e podem ser elaborados em vários níveis e envolvendo várias ações musculares (excêntricas, concêntricas e isométricas). Esses treinamentos englobam habilidades físicas- equilíbrio , força, velocidade, flexibilidade, coordenação e força – de forma sinérgica, através de movimentos multiarticulares e multiplanares e envolvimento do sistema proprioceptivo.
Sothern et al. (2000) diz que praticar o treinamento funcional na infância é uma maneira ótima para tratar doenças crônicas como as crianças acima do peso. Para Schwingshandl e Colaboradores (1999) o treinamento funcional é aplicado de forma segura e eficiente em programas que têm em vista abater o peso em crianças e adolescentes.

Uma criança que durante sua fase motora fundamental teve oportunidade, instrução e encorajamento para se aproximar e vivenciar uma gama diferenciada de habilidades fundamentais tende a manifestar estágios maduros e a possuir, em seu acervo motor, um amplo repertório de movimentos (SILVA, 2006, p. 175).

O treinamento funcional é um grupo de exercícios elaborados para o preparo físico ou com o objetivo de melhorar em alguma habilidade e pode ter finalidades específicas, em geral apresentam ações de movimentos que são usados no dia-a-dia (MONTEIRO, 2000).

3.2.1 Exercícios Funcionais para Crianças

Conforme Normann (2009) os benefícios do treinamento funcional são inúmeros, bem como, seus exercícios podem ser realizados por todas as idades, aprimora a postura de quem pratica, desenvolve todas as capacidades físicas, busca não só os fins estéticos mas também a melhora das capacidades físicas e motoras, ajuda na prevenção de lesões, melhora o condicionamento de atletas, e por suas variabilidade de exercícios ganha sempre mais adeptos pois é mais difícil de enjoar o que diminui as desistências.
Todo movimento, efetuado nesse treinamento, começa no que é chamado de core ou núcleo corporal, no qual consiste em recrutar os músculos abdominais, lombares e glúteos, evidenciando assim equilíbrio e propriocepção (GELATTI, 2009). Normman (2009) ratifica que o treinamento funcional não é definido, único e, exclusivamente, por um método de treino, o recomendado é que se combinem vários movimentos, incentivando assim, não só um único grupo muscular. Camilie Schmoelz (2016) coloca que com crianças, o programa de treinamento funcional é recomendado ser direcionado ao aperfeiçoamento de habilidades motoras fundamentais e padrões de movimento, como correr, saltar, rolar, agarrar, escalar, chutar, rebater, empurrar, puxar, agachar. Estas são ações motoras comuns com padrões específicos.

3.2 A MUSCULAÇÃO E A CRIANÇA

A musculação ou treinamento de força pode ser definida como a execução de movimentos biomecânicos localizados em segmentos musculares definidos com utilização de sobrecarga externa ou o peso do próprio corpo (GUEDES Jr., 1997).
A musculação ou treinamento de força voltado à criança ainda causa conflito de opiniões, muitas vezes por falta de conhecimento de quem o planeja e aplica, entretanto, quando o programa de exercícios é bem elaborado levando em considerações os fatores biológicos e fisiológicos de quem o pratica, dando segurança e eficácia só vêm a trazer benefícios. Tais como, melhoria na força e resistência muscular, protegendo assim as articulações e diminuindo o risco de lesões, aperfeiçoamento da coordenação motora e muscular, tal como evolução do controle postural, densidade óssea, condicionamento físico e também melhoramento da composição corporal, ou seja a musculação realizada corretamente é um estimulo para o melhor e saudável desenvolvimento dos seus praticantes (CAMPOS, 2011).

3.2.1 Exercícios de Musculação para Crianças

Os exercícios mais utilizados para as crianças, e que devem ser enfatizados, são aqueles que melhorem a consciência corporal, que fortaleçam os músculos do manquito rotador, e os que foram considerados fracos em relação aos seus antagônicos, também fortalecimento da parede abdominal tanto anterior quanto posterior, exercícios com o peso corporal, que melhorem e previnam desvios patológicos da coluna vertebral, utilizar exercícios que não necessitem de técnica mais apurada. Campos também coloca, alguns aparelhos que melhor se adaptam para as crianças, citando aqueles que utilizam pesos livres, como banquetas que dão muita opção de realização de exercícios livres, aparelhos com cabos também são uma boa opção pois eles não tem um padrão de movimento preestabelecido, e por fim os estáticos como supinos, puxador vertical e horizontal. (CAMPOS, 2011).

4 CONCLUSÃO

O presente estudo procurou identificar os principais problemas que podem impedir a prática de exercícios físicos por crianças, conhecer algumas práticas que vêm sendo realizada por este grupo especial, seus benefícios e a aplicação dos programas para o mesmo. Para tanto, buscou-se analisar como está sendo trabalhado o exercício físico com crianças, bem como o treinamento funcional e a musculação ou treinamento de força. Para seu desenvolvimento, inúmeras ações foram realizadas, sendo que, inicialmente, buscou-se informações disponíveis em obras que tratam do assunto, visto que o mesmo já ter sido de alguns estudos anteriores.
Com o transcorrer deste estudo, constatou-se que o exercício físico é de extrema importância, pois, contribui para a formação integral das crianças. Sendo que desenvolve habilidades tanto físicas quanto intelectuais, desenvolvendo também o social das crianças tal condição poderia ser acentuada se as práticas não fossem vistas ainda de maneira errada e equivocada, pois recentes pesquisas têm comprovado que exercícios físicos bem montados e planejados, e acima de tudo supervisionados com cautela pelos profissionais da Educação Física só tendem a gerar benefícios sem qualquer lesão ou atrapalho de crescimento ósseo.
Enfim, pode-se afirmar que o exercício físico para crianças contribui grandemente para o desenvolvimento amplo dos movimentos básicos favorecendo a prática de habilidades, para que ao chegarem nos anos seguintes consigam realizar atividades mais complexas, possibilitando minimizar e até mesmo evitar o surgimento de dificuldades motoras e sedentarismo, resgatando assim a importância de um estilo de vida saudável e ativo.
As informações aqui contidas são de interesses de toda a sociedade, mas destinam-se especialmente a educadores e demais pessoas preocupadas com o desenvolvimento de nossas crianças. Espera-se que as informações apresentadas possam contribuir positivamente para quem delas tomar conhecimento.