Cirurgias robóticas tornam procedimentos menos invasivos e ajudam na recuperação de pacientes em Passo Fundo

Publicado em: 15 de junho de 2023

Passo Fundo foi a primeira cidade do interior do Rio Grande do Sul a utilizar a cirurgia robótica, segundo o presidente do Comitê Médico de Robótica do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), médico-cirurgião Milton Bergamo. A utilização da tecnologia para qualificar os procedimentos cirúrgicos foi implementada há pouco mais um ano nas instituições de saúde da cidade e oferece diversos benefícios, segundo os profissionais.

Na cidade, são três equipamentos robóticos que permitem um procedimento mais seguro e menos invasivo para o paciente. Além disso, as plataformas qualificam as habilidades médicas e tornam os procedimentos complexos menos cansativos para os cirurgiões.

O HSVP conta com dois robôs: o CORI, que é utilizado em cirurgias ortopédicas desde maio de 2022, e o Versius, que atende diferentes especialidades em cirurgias de abdômen e tórax desde abril deste ano.

O Hospital de Clínicas de Passo Fundo (HCPF), por sua vez, possui o sistema robótico Vinci X, que atua em oito especialidades, desde cirurgia geral até ginecologia e urologia. O equipamento começou a operar em março deste ano e já realizou 46 procedimentos.

Segundo o médico do HSVP, Milton Bergamo, foram quase 160 cirurgias realizadas pelos dois robôs do hospital. Destas, 140 foram para procedimentos ortopédicos com auxílio do CORI, que ocorrem desde o ano passado, e 18 cirurgias no Versius, que opera desde março deste ano, conforme atualização até quarta-feira (14).

Benefícios dos robôs

Segundo o cirurgião geral do HSVP, a utilização dos robôs possui diversos benefícios e se diferencia do procedimento que, até então, era realizado, com a videolaparoscopia. No caso do procedimento que ficou conhecido na década de 1990, ele é realizado com acesso de uma câmera na cavidade do paciente, com pinças que tinham movimentos, mas eram limitados.

Atualmente, os robôs permitem menor invasão ao paciente, melhor qualidade de imagem e visualização aos médicos com visão tridimensional, movimentos de rotação e curvaturas próximos ao de punho humano, além de oferecer maior conforto aos médicos, diminuindo cansaço e estresse em procedimentos mais demorados, conforme aponta o médico.

— A tendência, nas últimas décadas, é sempre tornar a cirurgia minimamente invasiva, com menos agressividade, menos intervenção, menos cortes e medicação. Quanto menos, melhor. Na década de 90, nós tínhamos a videolaparoscopia, que acessava a cavidade do paciente com câmera e pequenas pinças, mas que eram mais rudimentares, com limitação de movimento. Essa limitação não existe nos robôs ou, pelo menos, é minimizada — explica Bergamo.

Para o médico, a maior vantagem da utilização do robô em procedimentos cirúrgicos é a resolução de problemas complexos com técnica minimamente invasiva.

— O robô tem muito mais vantagens, com visão tridimensional, alta definição de imagem, manipulação e movimentos melhores. Isso permite fazer procedimentos mais complexos, que não conseguiriam ser feitos por videolaparoscopia, ou fazer de forma mais delicada — completa.

Tecnologia vem para ficar

O diretor técnico do HCPF, médico-cirurgião Juarez Dal Vesco, acredita que a utilização da robótica na medicina será cada vez maior. Na visão do profissional, a contribuição é de via dupla, tanto para o paciente quanto para o médico.

— A tecnologia robótica, inevitavelmente, já entrou na medicina. Cada vez mais será utilizada e difundida. Pelo nosso olhar, existirão várias plataformas e vários robôs para diferentes especialidades no futuro. São plataformas que contribuem para todos envolvidos nos procedimentos cirúrgicos — enfatiza.

Segundo Dal Vesco, o custo dos robôs ainda é considerado alto. No caso do Hospital de Clínicas, o investimento no Vinci X, beira cerca de US$ 2 milhões, ou seja, quase R$ 10 milhões, na cotação atual.

Os valores ainda afastam o acesso das plataformas ao sistema único de saúde (SUS), por exemplo. No entanto, o médico acredita que a presença dos robôs será uma realidade.

— A gente acredita, sim, que os robôs possam chegar ao sistema público. Isso demora um pouco, claro, porque é uma tecnologia com custo elevado, assim como foi com a videolaparoscopia, que iniciou com pacientes privados, depois foram absorvidos por planos de saúde e, depois, no sistema público. Na minha opinião, isso também vai acontecer com a robótica. O custo ainda é alto, mas se difundindo, diminui e será incorporado ao SUS. Não tenho dúvida disso — avalia.

Paciente recomenda uso de robôs

Em abril deste ano, a paciente Juceli Bedin, de Nova Alvorada, distante 65 quilômetros de Passo Fundo, foi a primeira a ser operada no pâncreas, no HCPF, com a utilização de um robô. Segundo ela, houve resistência inicialmente por ser uma novidade. No entanto, não se arrependeu e recomenda a todos.

— Eu tinha três opções de procedimento, sendo que uma era a robótica. De primeira, eu descartei. Mas fui convencida, e foi a melhor coisa que fiz — conta.

Juceli pontua os principais benefícios: procedimento menos invasivo e recuperação no pós-operatório.

— Eu não senti nada na cirurgia, foi muito bom. A minha recuperação foi muito tranquila, sem complicações. Senti um pouco de dor no primeiro dia e depois não tinha nada. O medo que tinha de ser um robô sumiu, hoje eu aconselho todos a fazerem procedimentos com robô. É uma diferença muito grande — completa a paciente.

Os robôs

O robô Vinci X é composto por três módulos: o console de controle, gerenciado pelo cirurgião, quatro braços robóticos e suporte de câmera de alta definição – controladas pelo cirurgião através do console – e também a torre de vídeo, onde é possível a visualização de imagens de alta definição disponível para toda a equipe cirúrgica que acompanha o procedimento.

Segundo o HCPF, a tecnologia utilizada pelo sistema Intuitive da Vinci é elencada como a mais moderna para este segmento no mundo e, por sua estrutura, este é considerado um sistema cirúrgico robótico completo.

O robô CORI foi a primeira aquisição do HSVP para ser utilizado em cirurgias de artroplastia total de joelho e futuramente em procedimento de quadril. Com o uso de uma câmera fixada na articulação e de sensores no joelho, o equipamento robótico de segunda geração transmite em um monitor a tomada exata de medidas da área a ser operada guiando o trabalho médico.

Já o Versius é a última plataforma a entrar em operação clínica no mundo, em 2014. Segundo o HSVP, é um dos oito exemplares existentes no Brasil. Por ter uma estrutura compacta e móvel, ele atende as particularidades de diferentes especialidades, permitindo que a sua tecnologia seja acessada por um número maior de pessoas.

Atualmente, o equipamento realiza cirurgias nas regiões do abdômen com técnicas minimamente invasivas, redução de riscos de infecções e um pós-operatório mais rápido.

Escrito por: GZH Passo Fundo

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