Campanha curta e indefinições travam montagem de alianças

Publicado em: 30 de Abriu de 2018

O período de campanha mais curto e a indefinição no cenário nacional estão travando a composição de alianças eleitorais no Rio Grande do Sul. Assim como ocorre no plano nacional, faltando pouco mais de cinco meses para as eleições, não há nenhuma aliança consolidada no Rio Grande do Sul e muito menos definição de quem serão os candidatos a vice nas chapas majoritárias, com exceção do PDT, que apresentou Cláudio Bier, do PV, como parceiro de chapa para Jairo Jorge, seu pré-candidato a governador.

O clima de incertezas é confirmado por presidentes de partidos com forte densidade eleitoral no Estado. “Buscamos fazer alianças proporcionais e estamos abrindo espaço de vice na majoritária, mas parece que todos os partidos estão observando os passos dos outros. Até agora, temos muita conversa e pouca concretização”, indica o presidente estadual do PP, Celso Bernardi.

Na visão do presidente estadual do PMDB, deputado federal Alceu Moreira, a definição das candidaturas nacionais é preponderante para a definição nos Estados. “Este tipo de arranjo tem grande relevância, pois todo candidato que se consolidar na corrida presidencial vai precisar de um palanque para se apresentar aos eleitores nos Estados”, aponta o peemedebista, que reconhece uma “complexidade” no processo de composições do atual período pré-eleitoral.

Para o cientista político Benedito Tadeu César, professor aposentado da Ufrgs, o país passa por um momento de “transição” em sua trajetória política. “A indefinição no quadro nacional, a qual muito se deve à incerteza sobre a possibilidade do ex-presidente Lula concorrer, tem produzido muitas pré-candidaturas, em diversos campos políticos”, explica o professor. Para ele, no entanto, a maior parte destas propostas de candidatura “irá morrer pelo caminho”, analisa.

Presidente estadual do PT, o deputado Pepe Vargas garante que o partido não desistirá de registrar a candidatura do ex-presidente, mesmo diante da reclusão por cumprimento provisório de pena, indicando que o “fator Lula” não será excluído do cenário de incertezas pré-eleitorais. Vargas revela que o partido também enfrenta dificuldades em definir alianças, pois parceiros tradicionais, como o PCdoB, também possuem pré-candidatos. “Creio que composição robusta, entre siglas do mesmo campo político, ocorrerão no segundo turno”, avalia Vargas.

Indefinição deverá permanecer

A aposta de analistas políticos é de que o primeiro turno das eleições será marcado pela fragmentação e pela fragilidade das candidaturas. “Esta eleição é um caso excepcional. O país passava por um processo político que pressupunha uma eleição polarizada entre duas forças opostas, mas o esgotamento dos partidos tradicionais proporcionou a abertura de um novo cenário”, comenta o cientista político Aragon Basso.

Professor da Administração Pública da Ufrgs, Basso aponta que a “novidade” a qual poderia alterar o quadro atual seria a desistência do PT para apoiar uma candidatura de centro-esquerda, obrigando forças opositoras a se organizar. “São arranjos muito delicados e, enquanto não ocorrerem, a indefinição nos Estados, prosseguirá”, define o professor.

Para o cientista político Benedito César, parte significativa das pré-candidaturas será extinta após o “balão de ensaio” demonstrar a ineficácia da experiência. Ele atribui a insistência de “pequenos partidos” em manter suas propostas à ambição de ampliar espaços nas casas legislativas.

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