A tradição de pisar nas uvas para o preparo do vinho ainda é preservada pela família Trevisol

Publicado em: 9 de fevereiro de 2023

Quando se fala de pisar nas uvas para o preparo do vinho, muitos nem sabem o que é, pois é um ato muito antigo e considerado atualmente meramente recreativo e simbólico, e não é utilizado de fato para a produção de vinhos, entretanto, durante muito tempo, ele foi a principal forma de prensar os frutos.

Já no interior de Fontoura Xavier, na Linha Forqueta (divisa com Arvorezinha), se encontra um casal que preserva a cultura antiga de moer a uva com os pés para o preparo do vinho. Em conversa com o sr. Luiz Salva Trevisol, 71 anos, ele conta que cultiva uva a mais de 20 anos, e produz uma grande variedade, dentre elas a bordô, francesa e rosé. Sua companheira Zelinda Paniz Trevisol , 68 anos, ajuda no processo de colheita e revela que a função de pisar nas uvas sempre foi dela. O casal está junto a mais de 50 anos e sempre trabalharam unidos, produzindo a maior parte do alimento de cada dia na própria lavoura da propriedade.

A produção das uvas na casa do sr. Luiz e da sra. Zelinda é para o consumo próprio, comercialização, preparo de vinho, chimia, vinagre, entre outros. Porém, nesse ano Luiz diz não ter sido uma safra boa, pois na época da floração o frio não colaborou e agora no verão o sol acabou prejudicando muito e os cachos não tiveram uma grande quantidade de grãos. Comparando com o ano anterior, ele comenta: “Ano passado vendi mais de 150 kg só para chimia, foi o ano de melhor produção”.

Ainda com o orvalho da manhã, com as vasilhas e a tesoura em mãos, Luiz e Zelinda vão cedo no parreiral para começar a colheita. Após finalizada já podem começar o processo da preparação do vinho e a venda das uvas. Sra. Zelinda se prepara colocando uma sacola plástica nos pés, e começa o processo de esmagar as uvas, quando cansada, o casal usa outro método para a extração do líquido, um moedor manual, conforme as fotos a seguir:

Com as uvas moídas, Luiz explica como funciona o processo do vinho: “Agora tem que deixar 4 dias na casca, depois extravasa e coloca na pipa, após 30 dias tem que extravasar de novo para o vinho ficar limpo”, finaliza o produtor. Zelinda também comenta que é deixado uma parte do vinho para envelhecer e ser usado como vinagre: “O sabor do vinagre caseiro é incomparável”.

Além da uva, o casal cultiva uma diversidade de alimentos orgânicos, como pêssego, laranja, bergamota, morango, figo, melão, melancia, kiwi, abóbora, moranga, feijão, saladas, milho-verde… Luiz e Zelinda demonstram um carinho enorme pelo interior e por terem a oportunidade e a disposição de ainda estarem podendo trabalhar com as coisas que gostam.

Luiz ainda conta que essa tradição de pisar nas uvas está presente desde que iniciou com o cultivo das mesmas e no momento da colheita sempre chamou os netos mais próximos para participarem e assim levar esse costume adiante.

E aí, qual tradição você conhece? Nos conte nos comentários!

Escrito por: Andrine Trevisol / Clic News

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