A ótima e a má notícia sobre chuva no Vale do Taquari

Publicado em: 12 de setembro de 2023

Um evento de chuva excessiva está em andamento no Rio Grande do Sul e os acumulados de precipitação já se aproximam desde ontem dos 100 mm em pontos do Oeste e do Sul do estado, mas com tendência de se elevarem ainda mais com a chuva prevista para o restante do dia de hoje e a intensificação da chuva amanhã.

Há previsão de chuva ainda durante parte da quinta-feira, como consequência da circulação de umidade de um ciclone na costa, o que vai contribuir para o excesso de precipitação com marcas de 100 mm a 200 mm em vários pontos do Oeste, do Centro e do Sul do Rio Grande do Sul. Alguns pontos terão chuva entre 200 mm e 300 mm.

O episódio de chuva volumosa, naturalmente, eleva a preocupação nas comunidades que no começo da semana passada sofreram com uma enchente catastrófica no Vale do Taquari, que destruiu cidades e deixou um saldo parcial de 46 mortos

A cheia do Rio Taquari foi de proporções históricas e atingiu níveis que somente foram vistos uma vez desde o começo das medições no século 19, portanto em 150 anos de leituras do rio. O nível medido em Estrela e informado pela Prefeitura da cidade chegou a 29,62 metros. A cota medida é a segunda maior já aferida na cidade. O nível de 29,62 metros se aproximou do recorde oficial de 29,92 metros, da grande enchente no Rio Grande do Sul de maio de 1941.

O desastre foi resultado de chuva extrema que atingiu o Nordeste do estado no começo deste mês, especialmente os volumes observados entre os dias 3 e 4 de setembro, quando a precipitação passou de 200 mm em pontos dos Campos de Cima da Serra, onde estão as nascentes do sistema Taquari-Antas.

Consequência de ar quente e úmido sobre o Rio Grande do Sul e que trazia instabilidade que foi reforçada por uma área de baixa pressão que estava sobre o estado e posteriormente pelo deslocamento de uma frente fria. Nenhum ciclone estava sobre o Rio Grande do Sul no momento em que ocorreram as precipitações extremas, ao contrário do noticiário prevalente na mídia.

Há uma má e uma boa notícia para o Vale do Taquari neste episódio de instabilidade. A má é chuva, uma vez que o tempo instável e chuvoso até quinta-feira prejudica os trabalhos tanto de limpeza como de recuperação das cidades atingidas. Há muita lama cobrindo ainda as cidades, e o tempo chuvoso faz a situação ainda mais complicada para os moradores.

A boa notícia é que as cabeceiras dos rios Taquari e Antes não estão compreendidas nas área de chuva excessiva que se prevê para o Rio Grande do Sul. O mapa acima mostra a projeção de chuva do modelo meteorológico Icon para as próximas 72 horas para o setor Nordeste do Rio Grande do Sul em que se observa que os acumulados nos Campos de Cima da Serra, nas nascentes do Taquari-Antas, não devem ser extremos.

No Vale do Taquari, a previsão indica a possibilidade de chuva por vezes forte e até com alguns momentos de pancadas torrenciais, o que pode gerar volumes altos em pontos do vale, mas para o nível do rio o que importa não é a chuva que cai no vale, na ponta final da bacia, mas sim nas cabeceiras na Serra.

E, nos Campos de Cima da Serra, onde estão as nascentes, os dados não indicam chuva com volumes que possam gerar uma outra cheia grande. O Rio Taquari até deve subir relativamente com a chuva, mas não se espera que atinja cotas de maior risco.

Os moradores do vale terão três dias para poder trabalhar com a recuperação das cidades sem se preocupar com o tempo. Aberturas de sol já ocorrem na quinta, mas ainda com chuva pela circulação do ciclone, mas sexta, sábado e domingo devem ser dias com tempo firme no Vale. O domingo, inclusive, promete forte calor durante a tarde.

Escrito por: MetSul - Metereologia

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