Mudar é necessário, educar é imprescindível!

“A novidade não é a mudança no mundo, a novidade é a velocidade da mudança no mundo”. Essa frase não é minha: copiei do filósofo Cortella simplesmente porque a considero essencial, em especial quando aplicada ao atual contexto da sociedade, no qual as novidades mal chegam até nós e já se encontram totalmente obsoletas. O desafio, agora, não se resume a teorizar sobre mudanças: pelo contrário, o desafio reside em acompanhar essas transformações sem sacrificar nossa essência.

Talvez seja esse o motivo da grande resistência oferecida pela escola às transformações: a manutenção da própria essência. Acredite você ou não, apesar dos discursos recorrentes, essa instituição resiste ao tempo e seus expoentes – nós, os professores! – são os elementos que mais saudades têm dos tempos idos.

Estamos vivendo uma época de grandes e contínuas transformações, as quais são facilmente perceptíveis em diferentes contextos: na organização familiar, na tecnologia, no universo profissional, nas relações interpessoais. Tudo muda: altera-se a forma como nos portamos frente ao outro, altera-se nossa percepção de certo e errado, alteram-se nossos hábitos, medos, crenças e valores. Adaptar-se a esse ciclo de mudanças passa a ser não apenas necessário, mas sim inevitável e imprescindível!

Mas a escola resiste ao tempo e, se compararmos o contexto educacional atual à realidade das décadas passadas, dificilmente identificaremos grandes transformações, salvo no que se refere à organização do espaço e demais aspectos físicos – Porque o ambiente até mudou um pouco, afinal não vivemos em bolhas, mas bem de verdade, foi só nisso.

A meu ver, o grande problema não é a dificuldade que a escola tem de se adaptar às mudanças – de certa forma, considero essa resistência positiva, pois somente uma instituição forte e corajosa consegue enfrentar tal desafio. O problema reside em não aceitar as mudanças como necessárias e naturais. Vejamos, por exemplo, a questão da inclusão: como a escola está enfrentando, de verdade, essa mudança?

Não vou me aprofundar no tema, até porque ele é amplo e abre espaço a múltiplas interpretações e nesse momento, meu questionamento é outro: como nós, enquanto escola – sim, nós, porque escola e sociedade não podem ser dicotomizadas, sob o risco de sérios prejuízos às suas funções essenciais – devem comportar-se frente às mudanças? É necessário mudar ou resistir?

Na falta de respostas, arrisco a dizer que é necessário educar, o que inclui também reeducar-se continuamente, preservando o que de bom foi construído e modificando valores arcaicos que só trazem sofrimento, visto que, nesse novo universo de relações e sentimentos líquidos, somente uma educação sólida conseguirá fazer a diferença. E novamente referenciando o filósofo Cortella, “O que não dá para perder é a honestidade, a afetividade e a gratidão. Tudo isso vem do passado e tem que continuar”. Seja na escola ou fora dela.

 

 

 

 

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