Problemas de sono são associados a aumento de 5 vezes no risco de AVC, diz estudo

Publicado em: 11 de abril de 2023
Roncar, bufar, virar de um lado para o outro, cochilar por muito tempo durante o dia, acordar durante a noite e dormir muito pouco ou até demais contribuem para um sono de má qualidade e podem aumentar o risco de derrame, de acordo com um novo estudo.
Na verdade, os pesquisadores descobriram que quanto mais problemas de sono você tiver, maior o risco de acidente vascular cerebral (AVC).
“Ter mais de cinco desses sintomas pode levar a um risco cinco vezes maior de derrame em comparação com aqueles que não têm problemas de sono”, disse a autora do estudo, Christine McCarthy, da Universidade de Galway, na Irlanda, em um comunicado.
“As descobertas são consistentes com pesquisas anteriores que ligam o sono não saudável à pressão alta e a danos nos vasos sanguíneos, que são fatores de risco para derrame”, disse a especialista em sono Kristen Knutson, professora associada de neurologia e medicina preventiva na Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University em Chicago. Ela não estava envolvida no estudo.
Um dos motivos pode ser o impacto do sono curto e fragmentado e dos distúrbios do sono, como a apneia do sono, na capacidade do corpo de regular o metabolismo, a pressão sanguínea e a inflamação, que são fatores de risco para derrame, disse a médica Phyllis Zee, diretora do Centro de Medicina Circadiana e do Sono na escola de medicina de Northwestern, que não esteve envolvida no estudo.
“O sono ruim pode prejudicar a queda natural da pressão arterial que ocorre durante o sono noturno e contribuir para a hipertensão – um importante fator de risco para derrame e doenças cardiovasculares”, disse Phyllis por e-mail. “Em outras pesquisas populacionais, relações semelhantes foram relatadas entre má saúde do sono e distúrbios como diabete, doenças cardíacas e demência”.
Problemas de sono e risco de AVC
O estudo, publicado na quarta-feira na revista Neurology, analisou dados de mais de 4.500 pessoas que participaram do INTERSTROKE, um grande estudo internacional de caso-controle de pacientes que sofreram um derrame.
Quase 1.800 participantes do estudo tiveram um derrame isquêmico, o tipo mais comum, no qual um coágulo sanguíneo bloqueia uma artéria que leva ao cérebro. Outras 439 pessoas tiveram uma hemorragia intracerebral na qual as artérias ou veias do cérebro se rompem, causando sangramento no tecido cerebral.
Os participantes do estudo foram então pareados por idade e sexo com pessoas que não tinham histórico de AVC. Ambos os grupos responderam a perguntas sobre a qualidade e o comportamento do sono e os dois grupos foram comparados.
Os resultados mostraram que as pessoas que dormiam menos de cinco horas por noite, em média, tinham três vezes mais chances de sofrer um derrame do que aquelas que dormiam sete horas – o mínimo recomendado para adultos.
Por outro lado, dormir mais de nove horas por noite, em média, foi associado a um aumento de duas vezes no risco de derrame, de acordo com um comunicado sobre o estudo.
Os resultados se mantiveram verdadeiros mesmo após ajustes para eliminar outros problemas que podem levar ao derrame, incluindo depressão, abuso de álcool, tabagismo e falta de atividade física, conforme o estudo.
Ter apneia do sono – uma condição na qual as pessoas param de respirar várias vezes por hora – foi associado a um aumento de três vezes no risco de derrame, disse o comunicado.
“A apneia do sono pode alterar as vias envolvidas na regulação dos fatores de coagulação que podem aumentar o risco de derrames”, disse Phyllis.
Roncar ou bufar, que podem ser sinais de apneia do sono não tratada, também mostraram risco. As pessoas que roncam têm 91% mais chances de sofrer um derrame, enquanto as que bufam têm quase três vezes mais chances de ter um derrame do que as que não o fazem.
Cochilar também foi um fator de risco, disse o comunicado. As pessoas que, em média, cochilavam por mais de uma hora tinham 88% mais chances de sofrer um derrame do que aquelas que não cochilavam. No entanto, tirar uma soneca planejada de menos de uma hora não foi associado a um risco aumentado de derrame, disse o estudo.
É importante observar que a pesquisa só pode mostrar uma associação entre problemas de sono e derrame, não causalidade, disse Andrew Freeman, diretor de prevenção cardiovascular e bem-estar do National Jewish Health em Denver.
“A questão permanece: a má qualidade do sono é causadora? Ou está simplesmente associada a um conjunto de maus hábitos de saúde que levariam alguém a ter um risco maior de derrame?”, questionou Freeman, que não estava envolvido na pesquisa.
“Eles estão sob muito estresse? Eles estão bebendo grandes quantidades de cafeína e depois não dormem? Talvez eles não estejam se exercitando muito, e sabemos que o exercício promove um sono de boa qualidade”, disse Freeman. “É difícil identificar todos os fatores que podem contribuir.”
Escrito por: CNN Brasil