Professor é impedido de dar aula por estar pilchado no RS

Publicado em: 7 de abril de 2022

Um professor de cursos profissionalizantes em Santa Maria, na região Central do Rio Grande do Sul, registrou uma ocorrência na Polícia Civil por ter sido orientado a deixar de dar aulas pilchado. Edison Luiz Soares Silveira, de 57 anos, afirma que uma coordenadora fez o pedido por ele “estar fora de padrão dos demais colegas”.

O caso aconteceu em janeiro e foi registrado em março, na 3ª Delegacia de Polícia Regional de Santa Maria.

Instrutor de ensino e aprendizagem em serviços do Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest e Senat), Edison pediu para ser demitido, por não concordar com a ordem. Na ocorrência policial, o acontecimento foi tratado pela polícia como “fato atípico”.

Boletim de ocorrência registrado em março de 2022, em Santa Maria. — Foto: Divulgação

Boletim de ocorrência registrado em março de 2022, em Santa Maria. — Foto: Divulgação

Em nota, o Sest Senat afirma que “preza pela qualidade dos serviços ofertados nas 159 unidades operacionais que mantém em todo o país” e que “mantém diretrizes para a padronização dos atendimentos oferecidos em todo território nacional”. Uma delas, segundo a escola, “é a utilização de uniformes pelos seus colaboradores”, o que permite a “identificação dos profissionais que atuam na instituição, garantindo aos clientes um melhor atendimento”.

Nascido em Uruguaiana e criado na zona rural, o professor disse que seguia as regras da instituição, uma vez que concordava em vestir a única peça de vestuário fornecida, a camisa com logo. E que complementava a roupa de trabalho com lenço, bombacha e bota.

Coordenador da 13ª Região Tradicionalista com sede em Santa Maria, o narrador de rodeios Júnior Pozzobon entende que houve preconceito por parte da escola.

“Encaramos isso com muita tristeza, ver o professor sofrer esse preconceito por não poder dar aulas pilchado, sendo que a pilcha gaúcha é reconhecida como traje oficial, por lei. Gostaríamos de festejar o oposto, ver cada vez mais professores dando aulas pilchados, com a nossa cultura cada vez mais presente dentro das escolas. Só quem perde com isso é a cultura e a tradição”, lamenta o representante do MTG.

Por outro lado, o Sest e Senat alega que “respeita e valoriza a pluralidade cultural de todas as regiões brasileiras, promovendo projetos e ações que incentivam as tradições e a diversidade, cumprindo assim o seu papel de instituição social responsável também pelo desenvolvimento nacional”.

LEI Nº 8.813, DE 10 DE JANEIRO DE 1989. Oficializa como traje de honra e de uso preferencial no Rio Grande do Sul, para ambos os sexos, a indumentária denominada “PILCHA GAÚCHA”. DEPUTADO ALGIR LORENZON, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Su

Escrito por: G1

Compartilhe: