Na véspera do início do ano letivo na rede estadual, 400 escolas ainda estão em obras no RS

Publicado em: 19 de fevereiro de 2019
Fim de férias para os alunos da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul. Nesta quarta-feira (20), começa mais um ano letivo para os estudantes de escolas estaduais. Só que as instituições ainda não estarão totalmente prontas para receber os alunos como deveriam.
De acordo com a Secretaria Estadual da Educação, 400 colégios estão em obras e 230 sequer começaram as reformas. Uma das maiores escolas da Capital, a Paula Soares, enfrenta essa situação. O prédio completa 100 anos em 2019.
Na maioria das paredes, a tinta está descascando, há marcas de pichação e de vazamento de água. Vazamento causado, segundo a escola, pela empresa contratada para consertar o telhado em 2016.
“Houve uma grande chuva, e a água da chuva acabou entrando no colégio durante a reforma. Em todos os lugares do prédio, em todos os andares, choveu, infiltrou água nas paredes, entrou por todos os lugares e provocou danos terríveis. O colégio ficou pior”, recorda a professora Miriam Isabel Preto.
A rede elétrica foi danificada. O Plano de Prevenção Contra Incêndio ficou pelo caminho e um dos dois laboratórios de informática foi atingido em cheio. Quinze computadores foram direto para o lixo e, até hoje, dois anos e meio depois, o laboratório segue desativado.
Além da necessidade de pintura nas paredes, há janelas com vidros quebrados, madeiras podres nos rodapés e no assoalho. Em muitas salas, professores fizeram consertos improvisados.
Por lá, os professores estão trocando lápis e canetas por materiais de construção e colocando a mão na massa para mudar essa realidade.
A recepção do colégio Paula Soares dá a impressão de uma escola nova, preparada para acolher os mais de 600 alunos. Tudo organizado por professores e alunos voluntários que trabalharam durante as férias.
Entre eles, o professor Roberto Lopez, que faz consertos no colégio. Ele prometeu tapar os buracos no chão para o início do ano letivo, não por obrigação, mas para melhorar o ambiente escolar.
“Se parar, fica pior. A gente tenta reivindicar e buscar por outros meios, mas a gente não pode parar, tem que reclamar e continuar trabalhando”, acredita.
O professor trabalha nos reparos na escola desde o dia 2 de janeiro. Ele trocou as férias pelas reformas no Paula Soares. “Fizemos praticamente tudo. Colocação de bebedouros de água, arrumação dos banheiros, dos corredores, portas, janelas, limpeza da escola”, conta.
Para isso, Roberto recupera materiais do lixo. “Sobras de materiais serrados que a gente vai usando como manutenção. Aí encontra a peça lá e reaproveita noutro espaço”, explica Roberto. Quando não encontra nada para reaproveitar, o jeito é tirar dinheiro do próprio bolso.
Com pouca verba do estado, os professores estão pedindo ajuda da comunidade escolar.
“Algumas campanhas já foram organizadas, de doações, quem puder participar entregando material de pintura… Mas no decorrer do ano nós precisamos criar momentos específicos de grandes ações onde todos vão se reunir e fazer tal coisa. Aí, a comunidade que fique antenada, vai ser acionada, bem como outros segmentos, para que possa existir um efeito maior”, adianta a professora Miriam Isabel Preto.
A Secretaria Estadual de Educação ainda não se manifestou sobre a situação da escola Paula Soares.
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